10 anos de informação na Serra da Ibiapaba

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“O amor verdadeiro é eterno, não morre, não acaba com o desencarne”. É assim que acaba o filme “Ghost - do outro lado da vida”, de Jerry Zucker, lançado em 1990. A frase também pode representar a história de um casal real. Sebastião Francisco de Abreu, 72 anos, e Almezinda Maria da Fonseca de Abreu, 70, casados há 43 anos, morreram com menos de duas horas de diferença, em São João Del Rey, na Zona da Mata de Minas.  

“Quando o coração do meu pai parou, parece que o da minha mãe também parou junto. Parece que ele saiu dali só para buscar ela”, contou Tiago Abreu, um dos dois filhos do casal, ao g1. 

Sebastião enfrentava problemas de saúde há mais de um ano. Em 2024, passou por uma cirurgia após fraturar a cabeça do fêmur, e a recuperação foi longa. Nos últimos 40 dias, ele esteve internado por conta de uma infecção urinária e, depois, uma pneumonia agravada por insuficiência cardíaca.

Durante todo esse tempo, Almezinda não saiu do lado dele. “Ela ficou com ele todos esses dias no hospital. A gente tentava trocar, mas ela não aceitava. Ele também não queria que fosse outra pessoa. Ele dizia que ela era a médica dele”, relatou o filho. 

A DESPEDIDA COMEÇOU NO HOSPITAL

Na manhã da última quarta-feira (20/8), Sebastião piorou. “Minha mãe me mandou um áudio chorando, pedindo para eu descer para o hospital porque ele não estava bem. Quando cheguei, ela já estava mal também. Sabia o que estava por vir”, destacou. 

Com esforço, a família conseguiu convencê-la a descansar na casa de uma tia. “Ela já saiu dizendo que não ia aguentar ficar sem ele. Disse com todas as letras que ia encontrá-lo”, relatou. 

Às 23h, Sebastião faleceu na Santa Casa de São João del-Rei. Pouco depois, a família recebeu a notícia: Almezinda estava na UPA após sofrer um ataque cardiogênico fulminante, como se tivesse o coração partido. Ela não sabia da morte do marido e nunca teve histórico de problemas de saúde.

O casal teve dois filhos e seis netos. No velório, a decisão da família reforçou o vínculo inquebrável entre eles. “Tentamos organizar para que fossem sepultados em gavetas lado a lado, mas só havia uma gaveta e um túmulo no chão. Não tivemos dúvida: os dois seriam enterrados juntos, na mesma sepultura. Nunca foram separados, não seria agora”, afirmou Tiago.

A despedida reuniu amigos, vizinhos, religiosos, congadeiros, evangélicos, católicos, moradores em situação de rua e crianças. “Ficamos com saudade, mas não com tristeza. Porque eles viveram e morreram do jeito que escolheram: juntos, em paz, com fé. E deixaram um legado que a gente carrega com orgulho”, disse o filho. 

Os corpos foram velados juntos e sepultados na mesma cova no Cemitério Municipal de São João del-Rei.

Uma vida dedicada à fé e à solidariedade

Sebastião e Almezinda se conheceram em uma festa de bairro, ainda na juventude. Desde então, nunca mais se separaram. A família diz que os dois eram grandes companheiros e nunca brigavam. 

Religiosa e solidária, Almezinda dedicava boa parte do tempo a ações voluntárias e festas religiosas como Congado, Festa do Divino, Nossa Senhora do Rosário e São Cosme e Damião. 

 

 

 

 

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