Que tal visitar a Gruta de Ubajara, na Serra da Ibiapaba, Ceará, sem sair de casa? Essa é a ideia do projeto DocumentaCE, realizado pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo e Design (IAUD), da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Com uso de tecnologias de realidade virtual, os pesquisadores realizaram a digitalização do trajeto principal da gruta, uma das cavernas turísticas mais visitadas do Brasil, e desenvolveram um passeio virtual para telas planas e imersão em 3D (com o uso de óculos específicos).
O coordenador da iniciativa, professor Esequiel Mesquita, do IAUD, explica que o objetivo é disponibilizar, de forma mais acessível, o acesso aos equipamentos culturais do Ceará para os cearenses e turistas do mundo afora.
O lançamento do passeio virtual pela gruta está previsto para julho de 2025. O trajeto ficará disponível na plataforma do DocumentaCE, uma das frentes que integra o programa Cientista Chefe da Cultura, do Governo do Ceará.
A gruta é o primeiro patrimônio natural a ser contemplado pelo projeto. A caverna é um dos pontos turísticos mais famosos do Parque Nacional de Ubajara.
Entre os motivos que levaram a escolha da gruta está o nível de restrição de acesso. Apesar de ter 1.120 metros de extensão já mapeados, apenas 450 metros estão abertos à visitação, com um desnível de 35 metros de profundidade.
Além disso, outro ponto relevante é a documentação do espaço. Com a digitalização, é possível entender mais sobre a formação da gruta e traçar as melhores estratégias para a preservação do patrimônio natural.
Para fazer o levantamento, os pesquisadores tiveram que fazer o percurso da gruta diversas vezes. “Dependendo da hora do dia, a iluminação mudava e nós tivemos que levar equipamentos com fontes de iluminação por conta da escuridão do ambiente”, diz.
Além disso, quando chovia, o local ficava úmido e dificultava o trabalho da equipe. “O auxílio dos guias e do pessoal do ICMBIO foi muito importante para conseguirmos concluir o mapeamento”, garante.
A equipe utilizou equipamentos de última geração, como scanner a laser de alta resolução, drones e câmeras térmicas. No processo, o scanner lança cerca de 400.000 pontos por captura, feitas a cada dois metros. Ao todo, foram 115 cenas capturadas.
A partir desses pontos, é gerada uma nuvem tridimensional que permite reconstituir a volumetria de um espaço e os aspectos de suas superfícies. Ao juntar esses dados da nuvem com os dados de fotografias em 360º é possível recriar o espaço em uma versão virtual.
Nos computadores, notebooks, smartphones ou tablets, o trajeto por dentro da gruta é feito a partir de cliques com o mouse, de cliques na própria tela ou de movimentos realizados com os dispositivos.
As imagens em 360º vão mudando de acordo com essa movimentação, e o visitante vai traçando seu caminho, parando quando quiser para observar detalhes.
Já no passeio feito para imersão em 3D, com o uso de óculos de realidade virtual, é como se o visitante estivesse imerso dentro da gruta, cercado por imagens. Ele explora o trajeto a partir da movimentação do próprio corpo pelo espaço.
Além do tour virtual, o material levantado também renderá um banco de dados tridimensional, com informações de textura, volumetria e dimensões com precisão milimétrica. Esse repositório poderá ser uma ferramenta útil para profissionais das ciências ambientais, da geologia, da geografia e outras áreas.
Sob a orientação de Mesquita, a equipe do projeto é formada pelos estudantes de pós-graduação Joana Guedes e Renan Paulo Nogueira, e dos professores Mylene Vieira, Diego Ricca, Ana Cecília Serpa, Laís Costa e Eugênio Moreira.
Os pesquisadores tiveram apoio dos guias Nataly Pereira da Silva e Francisco Welio Gomes Evangelista, e dos técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Diego Rodrigues e Vinícius Leitão Lima. Além do ICMBio e da Cooperativa dos Guias do Parque de Ubajara, o projeto tem apoio da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur).
Fonte: DN
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